#Relembre o caso da missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005

Irmã Dorothy era uma missionária norte-americana e naturalizada brasileira. Foi assassinada aos 73 anos, em 2005, em uma estrada próxima a Anapu, no Pará, onde atuava na promoção do desenvolvimento de projetos sustentáveis. Foi mais uma das mortes causadas por conflitos de terra no Brasil. Quatro pessoas foram condenadas, entre elas um fazendeiro da região.

Stang foi sincera em seus esforços em favor dos pobres e do meio ambiente e já havia recebido ameaças de morte de madeireiros e proprietários de terras. Sua causa de canonização como mártir e modelo de santidade está em andamento na Congregação para as Causas dos Santos.

Iniciou seu ministério no Brasil em 1966, em Coroatá, Maranhão. Stang dedicou sua vida a defender a floresta tropical brasileira do esgotamento da agricultura. Ela trabalhou como defensora dos pobres rurais a partir do início dos anos 1970, ajudando os camponeses a ganhar a vida cultivando pequenos lotes e extraindo produtos florestais sem desmatamento. Ela também procurou proteger os camponeses de gangues criminosas que trabalhavam em nome de fazendeiros que estavam atrás de seus lotes. Dot, como era chamada por sua família, amigos e a maioria dos moradores do Brasil, é frequentemente retratada vestindo uma camiseta com o slogan “A Morte da floresta é o fim da nossa vida”.

Não quero fugir, nem quero abandonar a batalha desses fazendeiros que vivem sem proteção na floresta. Eles têm o direito sacrossanto de aspirar a uma vida melhor na terra onde possam viver e trabalhar com dignidade, respeitando o meio ambiente.

Atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.

A religiosa participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Defensora de uma reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.

Assassinato

A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará, Brasil.

Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns versículos das bem aventuranças para aquele que logo em seguida lhe balearia.

No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados. Sua morte foi antecedida por duas outras na região com as mesmas características (religiosos com trabalho entre a população menos favorecida), sendo a de Padre Josimo e a de Irmã Adelaide.

O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heroicas da matrona cristã.

Investigações e condenações

O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime, havia sido condenado em um primeiro julgamento a 30 anos de prisão. Num segundo julgamento, contudo, foi absolvido. Após um terceiro julgamento, foi novamente condenado pelo júri popular a 30 anos de prisão.

No dia 16 de abril de 2019, a Polícia Civil do Estado do Pará prendeu, em Altamira, o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, que teve a prisão decretada pela Justiça após condenação como mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang. Galvão foi condenado a 30 anos de reclusão no dia 30 de abril de 2010, como mandante do assassinato de Dorothy Stang. A condenação foi mantida em segunda instância, e a pena chegou a ser reduzida para 25 anos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a prisão em 2017.

Reprodução/ Wikipedia

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