#Relembre o caso do menino Bernardo Boldrini, morto por superdosagem de sedativo dado pela madrasta

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Bernardo Boldrini era um garoto de apenas 11 anos quando foi assassinado no dia 4 de abril de 2014. O corpo foi encontrado dez dias depois, em uma cova na área rural de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul. A Polícia Civil afirma que o menino foi morto por superdosagem de um sedativo (Midazolam), dado pela madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini e por uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz. Leandro Boldrini, pai da criança, e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, também foram presos por envolvimento no crime. O Ministério Público pediu a reabertura da investigação da morte da mãe de Bernardo, Odilaine Uglione, encontrada morta com um tiro na cabeça na clínica do então marido Leandro, no dia 10 de fevereiro de 2010. A carta de suicídio pode ter sido forjada, de acordo com investigações.

Em maio de 2014, a Lei Menino Bernardo, chamada pela imprensa de Lei da Palmada, foi sancionada em sua homenagem.

O crime

Em abril de 2014, Bernardo foi dado como desaparecido. O pai comunicou aos policiais que o filho tinha ido dormir na casa de um amigo em 4 de abril, numa sexta-feira, mas quando chegou ao local em 6 de abril, descobriu que o garoto nem havia chegado lá. Após o início das buscas pelo menino, a polícia chegou a Edelvânia, além de descobrir que, no início da tarde de 4 de abril, Graciele, a madrasta, havia sido multada pela polícia por excesso de velocidade, dirigindo entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho, a cerca de 50 quilômetros de Três Passos, com Bernardo no banco de trás. Ela seguia para Frederico Westphalen, onde se encontraria com Edelvânia. Segundo o depoimento de um policial rodoviário, tanto o menino como a motorista aparentavam tranquilidade.

De acordo com as apurações, foi antes de iniciar o trajeto que Bernardo tomou uma primeira dose do medicamento por via oral, tendo Graciele lhe dito que era um remédio para evitar enjoos durante a viagem (ela tinha dito a ele que sairiam para comprar uma televisão). A substância foi reaplicada depois, por via intravenosa, já na presença de Edelvânia. No dia 14 de abril de 2014, após o depoimento de Edelvânia, o corpo de Bernardo foi encontrado sem roupas, numa cova num matagal em Frederico Westphalen, cidade que fica a cerca de 80 quilômetros de Três Passos.

A delegada que investigava o caso pediu, então, a imediata prisão do pai e da madrasta, juntamente com a de Edelvânia. Evandro foi preso em maio. A presença de Midazolam foi detectada no fígado, nos rins e no estômago do garoto. Há duas possibilidades de aplicação da droga: via oral (comprimidos foram comprados em farmácia por Graciele e Edelvânia) e por injeção (ampolas do remédio foram retiradas do consultório de Boldrini). Pelo estado de decomposição do corpo, não pôde ser analisada a presença de picadas na pele.

Após as injeções letais, o menino foi jogado em uma vala cavada dois dias antes – onde depois recebeu soda cáustica antes de o buraco ser fechado com ele, já morto, dentro. No dia 4 de abril, o casal ainda havia ido a uma festa e, no dia 7 de abril, o pai havia ido trabalhar normalmente. Após as investigações, a polícia apurou que Leandro e Graciele consideravam que Bernardo estaria atrapalhando a relação do casal. Já Edelvânia e Evandro teriam agido motivados por dinheiro, sendo que a ela Graciele teria oferecido dinheiro para a quitação de um imóvel.

 

Antecedentes

Bernardo vivia com o pai e a madrasta, porém, segundo as investigações, a relação familiar entre os três não era boa. Em gravações apresentadas para esclarecer o caso, a madrasta chega a dizer “vamos ver quem vai primeiro para debaixo da terra” e “prefiro apodrecer na cadeia do que ficar nessa casa contigo incomodando”.

Já o pai demostrava desinteresse pelo menino. Numa gravação, onde Bernardo chegou a empunhar um facão, este lhe disse: “vamos, machão, faz alguma coisa com esta faca”. Testemunhas relataram, também, que Bernardo chegava a ficar vários dias fora de casa, sem que o pai o procurasse. Durante o julgamento, uma ex-professora do menino e testemunha do caso disse: “[Bernardo] nunca ganhou colo do pai”. Ainda em 2014, Bernardo pediu a um juiz para mudar de família, o que, depois do crime, acabou causando uma discussão sobre o funcionamento da rede de apoio e amparo às crianças no Brasil.

 

Sentença

A leitura da sentença foi transmitida ao vivo, em torno das 19h00min de 5 de março de 2019, em rede nacional. Diversos sites, como o G1, também fizeram transmissões em tempo real. Todos os réus foram condenados, cabendo a aplicação de recurso.

De acordo com a sentença, Leandro foi condenado a 33 anos e 8 meses de prisão em regime fechado por homicídio doloso quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Graciele foi condenada a 34 anos e 7 meses de prisão em regime fechado por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Edelvânia foi condenada a 22 anos e 10 meses de prisão em regime fechado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Evandro foi condenado a 9 anos e 6 meses em regime semiaberto por homicídio simples e ocultação de cadáver. Evandro, que já cumpria pena há 5 anos, cumprirá o restante no regime semiaberto.

 

Reprodução/Wikipedia

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